domingo, 23 de maio de 2010

Creativando




Creativando é uma empresa Italiana que produz peças de design super criativos, alguns mobiliários são inspirados em pintores famosos como o Mondrian.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Gás natural

"KILÔMETROS DE LÃ" tricotados em um comercial para o incentivo do uso de Gás Natural na Bélgica. Foi preciso um mês de preparação, quatro dias e noite, com uma equipe profissional de mais de 40 pessoas, vídeo em stopmotion com 4 câmeras diferentes. Um filme da TBWA de Bruxelas, dirigido por Olivier Babinet produzido por Lovo Films.
http://www.youtube.com/watch?v=FQ-mVJEbJpE
http://www.youtube.com/watch?v=rUFnH7KYMFE

sábado, 15 de maio de 2010

Linha Fairy Tales de papéis Reminisce

Reminisce é uma empresa que fabrica produtos para Scrapbooking. Foi fundada por
Matt e Andria Gibson e a loja Reminisce nasceu em fevereiro de 2002, combinando a paixão e criatividade de Andria com os conhecimentos de Matt em marketing, Reminisce logo foi nomeado uma dos melhores lojas de scrapbooking do Centro-Oeste (USA). Durante o primeiro ano do negócios, Matt e Andria ficaram apenas observando o comportamento da indústria e com eles aprenderam rapidamente que tipo de produtos os seus clientes estavam procurando. A produção da empresa começou em julho de 2003, com duas coleções de papéis Fast Lane e Travel Tags. Hoje, Reminisce emprega 13 pessoas, juntamente com mais de 30 fornecedores independentes e oferece mais de 60 coleções de papel, etiquetas, álbuns e enfeites para scrapbooking.

Coza

A Necessária é a necessaire da Coza, uma peça versátil e moderna, que oferece maior praticidade ao seu dia-a-dia. Um acessório multifuncional que permite guardar produtos de higiene como escova e creme dental, remédios, bijuterias ou até mesmo produtos de maquiagem. O formato permite ainda sua utilização como porta-óculos. Além disso, o design diferenciado e as cores alegres tornam o produto próprio também para ser utilizado como estojo de lápis e canetas. O diferencial da peça está na textura obtida através do design de superfície.

'Cloud' por Tokujin Yoshioka para Moroso

Moroso apresentou em Milão um novo sofá e uma poltrona do designer japonês Tokujin Yoshioka.
"Tenho ponderado em expressar a textura do material na natureza através de produtos industriais. Este novo produto para Moroso pode ser uma reminiscência de nuvens no céu e o fluxo de água, que são inspiradas em memórias de cada um.
Para o protótipo, que será apresentado em Salone este ano, eu decidi usar o papel, a fim de torná-lo conceitual. Posteriormente, serão desenvolvidos com tecidos e outros materiais para uso diário. Sou fascinado pelos elementos da natureza, porque eles não são de qualquer propósito, mas eles têm a beleza que nasce da coincidência além da imaginação humana".
(Tokujin Yoshioka)
Posted by Nora Schmidt on 28.04.2009
http://www.dailytonic.com/cloud-by-tokujin-yoshioka-for-moroso/

A liberdade é azul

A história da evolução do jeans se confunde com as maiores conquistas da mulher ao longo dos tempos

Por Nayana Fernandes (Revista Rolling Stone Mulher, março 2010)

Usado e abusado por pessoas de todas as camadas sociais, o jeans pode, em uma definição ousada, ser considerado "a verdadeira peça íntima". Tecido mais popular do mundo, ele é a escolha preferida ao se colocar os pés para fora de casa, seja para sair, trabalhar ou apenas ir à padaria. De trabalhadores rurais a atrizes hollywoodianas, de punks iconoclastas a patricinhas de Beverly Hills, do proletário ao milionário, todos garantem um lugar na gaveta para o blue jeans. Mas esse parceiro do dia a dia levou tempo para quebrar as barreiras da extravagância impostas pelas maisons européias e ser bem quisto no mundo todo.

Foi em 1847, quando o jovem Levi Strauss partiu da Alemanha rumo aos Estados Unidos e se instalou em Nova York, onde montou uma alfaiataria. Com a corrida do ouro e as minas no oeste norte-americano fervendo, Strauss se juntou ao amigo Jacob Davis, também alfaiate, e partiram para a região com grandes pedaços de lona na bagagem. O objetivo da empreitada era vender a lona para os mineradores, que utilizariam o material para cobrir barracas e carroças. Com a clientela atingida e as vendas indo bem, os empreendedores receberam uma curiosa encomenda por parte de um dos trabalhadores locais: uma calça confeccionada com aquele pano que eleja vendia, alegando que o dia a dia nas minas estragava as vestimentas tradicionais muito rapidamente. O ideal, segundo o minerador, seria vestir um uniforme mais resistente ao trabalho árduo.

Como teste, foram produzidas três ou quarto calças. Quando estavam prontas, Strauss, perfeccionista que era, achou melhor reforçar as peças, para que não houvesse o risco de que descosturassem. Foi então que teve a idéia de pregar os rebites, que proporcionaram o toque final. O cliente não só testou e aprovou, como mostrou aos colegas, que não hesitaram em encomendar também. A invenção se tornou um sucesso entre os mineradores. Em 1873, Strauss decidiu patentear o produto. O detalhe é que a lona era rígida e sua cor original, marrom, não era exatamente convidativa. Para amolecer a lona e transformá-la em vestimenta, Strauss e Davis tiveram a idéia de deixá-la de molho em um preparado de erva índigo, o que proporcionou a tonalidade azul.

A já famosa lona começou a ser fabricada em 1792 em Nimes, na França. O nome "tecido de Nimes" acabou sendo abreviado e se tornou apenas "denim". Em princípio, quem importava esse tecido era a Itália, para confeccionar os uniformes dos marinheiros que trabalhavam no porto de Gênova. Esses genoveses, chamados de "genes" pelos franceses, acabaram também ganhando créditos dos norte-americanos, que apelidaram o tecido de "jeans".

Até a década de 1930, o jeans era usado somente por mineradores, marinheiros, operários, habitantes do campo e trabalhadores dos ranchos. Nestes locais, aliás, onde já se via mulheres trabalhando, não era estranho encontrá-las usando a calça emprestada do marido ou do irmão, já que o único modelo jeans na época era o clássico Levi's 501, de corte masculino. Somente em 1934 foi criada a primeira calça jeans feminina, a Lady Levis 701, destinada às moças do Velho Oeste norte-americano cansadas de "assaltar" o armário dos homens da família. O modelo foi vendido em todos os estados da região, além de alguns da Costa Leste.

Ao longo daquela década e até o início dos anos 40, a população no campo aumentou bastante. Com ela, a demanda pela indumentária jeans, que começou a ser usada também no dia a dia por ambos os sexos. As pessoas passaram a procurar a peça pelas lojas de departamento locais, o que despertou a atenção de marcas e lojistas, que deram um lugar mais especial aos jeans em suas vitrines. Ao mesmo tempo, a Europa se reestruturava com o fim da Segunda Guerra Mundial. A tendência da moda indicava uma busca por trajes práticos e confortáveis. Mas não foi exatamente o que aconteceu.

Seguindo na contramão da tendência, o estilista Christian Dior lançava em Paris sua primeira coleção, batizada de "New Look", discordando totalmente do conceito de simplicidade. Segundo ele, as mulheres que participaram da guerra precisavam resgatar sua feminilidade. Dior propôs então a elegância e o luxo exagerados, utilizando muitos metros de tecido em cada nova peça, aproveitando o fim da escassez de matéria-prima e o adeus ao racionamento. O look ditado por ele era composto de saia preta plissada e ampla na altura dos tornozelos, casaquinho de cintura marcada, luvas, sapatos de salto e o chapéu, completando o traje impecável da nova "femme" vislumbrada pelo estilista.

Após a Segunda Guerra, foi possível perceber uma mudança brusca no modo de pensar e no estilo de vida feminino no âmbito mundial. Nos Estados Unidos, as mulheres já eram significantemente ativas na sociedade. Tinham o direito ao voto e vinham substituindo os homens nas fábricas. Com isso, elas passaram a preferir as roupas utilitárias, com base nas vestimentas masculinas, prezando a praticidade e o conforto para trabalhar.

Foi durante essa época também que, pela primeira vez, a alta costura começou a ser questionada pela hostilidade politizada das operárias. As reclamações definiam a moda como ditadora e opressiva sobre o meio coletivo, criada pelo sistema capitalista para manter o consumismo e privando a mulher de desenvolver sua inteligência e capacidade. A maneira encontrada de se posicionar contra o "sistema" foi adaptando o vestuário feminino ao masculino operário, o que levou o jeans a cada vez mais se proliferar dentre as fábricas. Com toda esta movimentação, as maisons parisienses e a moda feita sob medida perderam sua hegemonia, dando lugar ao prét-a-porter (pronto para usar), à produção de peças idênticas em larga escala e às boutiques.

Em 1949, a Wrangler, empresa concorrente da Levi's, percebeu a demanda e criou as "jeanies", calças jeans com corte feminino, modelagem mais justa e opções de cores. A novidade interessou até às mulheres engajadas, que enxergaram no novo modelo um caimento não apenas diferenciado, mas que conservava as tradições femininas de liberdade que elas tanto defendiam. Resultado: as vendas das "jeanies" foram um sucesso por quase 30 anos.

A explosão cultural que se iniciou na década de 1950 e o surgimento de novas estrelas pop - como James Dean, Elvis Presley e Marilyn Monroe - foram o estopim da influência definitiva da indústria musical e cinematográfica sobre os comportamentos dos adolescentes da época. O look "jeans, camiseta e jaqueta de couro", ao estilo "bad boy", virou mania entre os estudantes. Na turma das garotas, a febre eram as saias circulares de feltro excêntricas e estampadas, sempre combinadas com o sapato oxford, meia soquete e o rabo de cava¬lo no cabelo. Paralelamente a estas, a moda entre as mais rebeldes e "avançadinhas" era o jeans com a bainha enrolada, composta com cardigãs abotoados nas costas ou camisas de manequim masculino amarradas com um nó na frente.

Seria o início oficial da ousadia feminina. Quando as adolescentes começaram a brigar com seus pais pelo direito de usar batom escuro, vestidos pretos de alça e, claro, as calças jeans justas. A animação se juntou à criatividade, possibilitando às jovens finalmente criar seu próprio estilo.

Para colaborar, Marilyn Monroe, Brigitte Bardot e Jayne Mansfield, ícones de estilo da época, apareceram usando jeans bem justo, dando pela primeira vez o aval às mulheres que ainda não se sentiam bem usando a peça no dia a dia. A partir daí, com a influência das divas desinibidas do cinema, os jeans saíram das gavetas das trabalhadoras e das adolescentes rebeldes para desfilar no cotidiano de uma nova mulher: prática, sexy, autossuficiente e segura.

Antes de o cinema provocar esta reviravolta, o jeans não era aceito em todo lugar. Em 1954, um coronel das forças-armadas dos Estados Unidos proibiu que as esposas dos soldados usassem o blue jeans na base norte-americana de Frankfurt (Alemanha), alegando que isso afetaria a boa imagem do país no exterior. No início dos anos 60, começaram a surgir fabricantes de denim na Europa, como a italiana Fiorucci, (que mais tarde viraria febre inclusive no Brasil); a Peter Goldin, na Inglaterra; e a Marithé et François Girbaud, na França. Esta última seria, em meados dos anos 70, responsável pela invenção da lavagem "stone", que dá um tom gasto ao tecido. Cada uma dessas grifes remodelou o corte a seu modo e criou novos estilos para o jeans, passando mais a exportá-los com sucesso para os Estados Unidos.

Na mesma época, começou a vir à tona o refle "baby-boom" do período pós-guerra: "the kids", eram chamadas as crianças nascidas durante cada de 1960, representavam uma juventude : impaciente, emancipada, que rejeitava o estilo de vida dos pais, desprezava a sociedade de consumo e mo: repugnância aos confortos burgueses. Este sentimento tomou conta de jovens norte-americanos e ingleses, logo se dissipando para outros países: pregavam um novo modo de vida, que evocava simplicidade conforto acima de tudo, fixados através da vestimenta ta propositalmente semelhante à das classes pobres, e a mistura de peças de várias épocas. E lá estava a peça-chave do movimento: o jeans, de cara nova, ou melhor, velha. Surgiu o modelo boca de sino, co cintura baixa, barra larga e o tom "delavé", que um aspecto desbotado e uma aparência antiga à Seguindo à risca os mandamentos do "flower Power”, ao jeans eram aplicados retalhos, tinturas tie-dye e flores, porém com um toque pessoal de cada inidvíduo. A ordem era alcançar um look único, impossível de ser copiado. Tão importante quanto o uniforme hippie era a expressão cultural originada deste novo pensamento: rebeldia pacífica da música, representada por r "vestidos à caráter" como The Doors, Led Zepplin, Janis Joplin e, no Brasil, Raul Seixas. Era a evidência comprovada de que os jovens eram o centro do mundo naquele momento e tinham plena consciência disso. Logo, a marca que eles desejavam estabelecer era a da leveza do espírito e do frescor da libei associados ao desejo de mudar o mundo através dos conceitos de paz e amor.

Este período representa uma revolução nunca antes vista na história: a da vestimenta como símbolo de tendência filosófica do indivíduo que a USE jeans, que anteriormente era quase que somente um uniforme de trabalho, tornou-se a peça essencial corpo deste jovem tão apegado a sua geração í e obediente ao seu grupo e aos seus ideais. Na prática, o jeans representava um significado tão importante que seu êxito anulou a impressão de falta de criatividade por parte daqueles que o usavam. Ou seja, quem se vestia daquela forma intencionava algo maior d meramente estética ou gosto pessoal.

Paralelamente à onda hippie, em 1974, nova-iorquino CBGB's começou a chamar a atenção por causa das bandas que lá se sentavam. Nomes como Ramones, Misfits e Runaways atestavam os primeiros sinais do movimento punk em terras norte-americanas e, em comum, exibiam looks baseados em jeans rasgados com camiseta e jaqueta. Um ano depois, em Londres, as inúmeras vertentes da juventude rebelde - que ia de dantes de arte, anarquistas e até desempregados, todos insatisfeitos com o sistema - declararam guerra consumismo e a tudo que pudesse remeter à burguesia e ao sistema vigente. Nasce então a versão britânica do movimento punk, mais malcriada e violenta. Após uma viagem a Nova York (com direito a uma visita ao CBGB's), o empresário Malcom McLaren, que acompanhava a banda ícone Sex Pistols, guardou na mente a idéia da estética das calças jeans rasgadas. No retorno à Londres, ele relatou o conceito à esposa, a estilista Vivienne Westwood, que criou a indumentária perfeita para os jovens delinqüentes: adaptando convenientemente à agressividade e discórdia expressadas através do jeans rasgado, Viviene aplicou tachas e espetos, que combinados com correntes, camisetas estampadas com frases de protesto, coturnos e cabelos estilo moicano, se tornaram traje obrigatório dos adeptos da anarquia. Assim, a partir dos anos 70, o jeans passa a imperar no mundo inteiro. O estilista Calvin Klein pontuou bem o momento ao colocar a calça jeans pela primeira vez na passarela e nos badalados outdoors da Times Square nova-iorquina, em 1980. A campanha, estrelada pela atriz Brooke Shields, então com apenas 15 anos, trazia o slogan "Nada entre mim e minha Calvin". A provocação deixou os conservadores chocados, mas o barulho foi um tanto exagerado: anos antes, a ex-primeira dama Jackie Kennedy, um ícone de elegância em seu tempo, já havia se rendido aos encantos do jeans, aparecendo publicamente vestindo o denim em seu dia a dia. Após ser rasgado, remendado, pisado, rabiscado desbotado na era rock and roll, o jeans retornou n década de 1980 ao seu estado inicial. Era o início d febre disco, em que a única coisa que importava era badalar em discotecas e ferver ao som da música dar cante. Era necessário um traje que atendesse ao glamour exigido pelos clubes, como o Studio 54 de Nov York, que escolhia a dedo quem entrava ou não. Ma este traje também deveria ser funcional e confortável permitindo que os passos de dança transcendessem madrugada, livres, leves e soltos. As peças-base eram calças ou shorts jeans stretch, que possuíam em sua composição um toque de elasticidade, combinados com blusas, regatas ou colantes extremamente chamativos, decorados com brilhos, lantejoulas, lurex estampas flúor, psicodélicas e coloridas. O toque final: plumas ao redor do pescoço. No Brasil, o assunto era a novela Dancin'Days, ex: bida pela TV Globo. O país queria se vestir como a personagem Júlia, interpretada pela musa Sônia Braga; Aproveitando a deixa, a marca Staroup, pioneira brasileira na fabricação do jeans, investiu em merchandising através do elenco da novela, o que colaborou cor o aumento das vendas e inspirou o aparecimento d novas concorrentes no mercado, como a US Top. De lá pra cá, a criatividade na confecção do jeans não parou mais. Durante transição dos anos 80 para os 90, surgiram as calças baggy e semibaggy, que s tornaram populares entre skatistas e rappers, ma ganharam estilos e cortes diversificados, permitindo que fossem utilizadas também pelas mulheres. Cor extensão do quadril ao tornozelo e folgadas, os modelos marcaram presença em filmes clássicos da época - Flashdance, Curtindo a Vida Adoidado e Procuro se Susan Desesperadamente - e na música, vestida tanto por divas como Madonna, Paula Abdul e Kyli Minogue quanto por rappers do Public Enemy. Mi Hammer, por sua vez, criou alguns modelos até mai exagerados, que se tornaram rapidamente uma espécie de marca registrada. As "baggies" permaneceram vivas nos anos 9C acompanhadas do lançamento do jeans marinheiro uma boca-de-sino com botões frontais, que apesar do relativo sucesso, não foi tão celebrada a ponto de se tornar uma febre. Mas deve-se levar em conta que a calça jeans é hoje considerada um item "básico obrigatório" no armário, com opções que vêm desde a primeira modelagem criada no século 19 pela Levi’s e que jamais foram substituídas, mas ganharam força e modificações que foram testadas, deram certo e permaneceram. As marcas atuais especializadas em denim continuam em busca de novas lavagens, cortes e da reinvenção dos modelos do passado, sempre os resgatando e os adaptando à demanda atual. Exemplos disso são os jeans boyfriend e sarouel, em alta nas ruas passarelas atuais, que podem ser considerados remakes dos modelos baggy e semibaggy; e o skinny que chega a se assemelhar a uma legging, de tão agarrada que fica às pernas. Com onipresença explícita e confirmada, com preços que variam de R$ 20 a R$ 10.000, a rainha da peças de vestuário permanece firme e forte, resistente à abdicação do trono e sem o mínimo medo d concorrência. Mesmo porque, os seus súditos não sobreviveriam nem um minuto sem ela - a calça jeans nossa de cada dia. ©


terça-feira, 4 de maio de 2010

Artista x Artesão

Trabalho em grupo realizado para a displica 'Arte e Estamparia', baseado no texto do Mário de Andrade 'O artista e o artesão'. foi feito um paralelo do que ele fala no texto com o que o Jum Nakao fez no desfile 'A costura do Invisível'.

Junho de 2004, São Paulo Fashion Week (SPFW)

O estilista e artista plástico Jum Nakao apresenta seu último desfile no evento. A despeito das expectativas de um desfile de moda, exibindo tendências de materiais, formas e cores, o trabalho apresentado consiste em roupas feitas inteiramente de papel, com formas que remetem a tempos passados e tudo branco. E para finalizar, ainda na passarela, toda a obra é rasgada pelas modelos na frente do público.
O desfile chamado “A Costura do Invisível” ganhou status de obra de arte, versão em livro e DVD, alçou os títulos de desfile da década pela SPFW e um dos mais importantes desfiles do século pelo Museu de Moda de Paris, onde, mais tarde, foi reproduzido.
Quase 1 tonelada de papel gasto na confecção das roupas e cenografia, uma equipe de 150 pessoas, 700 horas de trabalho empregadas nesse obra artesanal.
Então seria essa obra arte ou artesanato?
No texto de Mário de Andrade, “O artista e o artesão”, essa questão é discutida e pretendemos aqui fazer um paralelo entre os argumentos de Andrade e o desfile de Nakao.
“(...) todo artista tem de ser ao mesmo tempo artesão. (...) se perscrutarmos a existência de qualquer grande pintor, escultor, desenhista ou musico, encontramos sempre, por detrás do artista, o artesão.”
O trecho acima fala da necessidade da técnica e da prática no artefazer.
Mário de Andrade afirma haverem três manifestações na técnica de se fazer obras de arte. A primeira é o artesanato, o conhecimento do material com que se faz a obra de arte. Prático e necessário, é imprescindível a esta, e pode ser ensinado. A segunda é a virtuosidade, o conhecimento e a prática de técnicas históricas da arte, o domínio da técnica tradicional. Apesar de também poder ser ensinado, não é considerado imprescindível. E a terceira etapa é o talento, a solução pessoal do artista no fazer a obra de arte. Sendo o mais dramático dos três pontos, pois é imprescindível, mas não pode ser ensinado.
Podemos então dizer que “A costura do invisível” abraça os três preceitos acima descritos, começando pelo material escolhido, o papel. Foi estudado, pesquisado, testado até que se chegasse a um determinado tipo (vegetal) em gramaturas diferentes que pudesse ser submetido aos diversos processos e resistir e sustentar a obra final. Deveria ainda ser maleável o suficiente para se adequar às formas idealizadas e às necessidades das etapas de modelagem e montagem onde é preciso colar e descolar as partes sem que se rasgue ou prejudique a parte afetada pela cola. E ainda o aspecto visual: brilho, cor e transparência necessários aos efeitos desejados pelo criador.
Determinada a matéria, iniciam-se os processos de texturização, onde o papel é umedecido e prensado, dando relevo aos desenhos. Em seguida é cortado a laser ou a mão, de acordo com as necessidades definidas pela extensão e complexidade do desenho aplicado. A modelagem é feita parte sob uma perspectiva bidimensional e parte no corpo das modelos. E por fim a montagem da obra diretamente no corpo das modelos.
Finalmente o talento, que transforma um desfile de moda em passagem para um conto fantástico, através de roupas de papel com perfeita harmonia de formas e técnicas precisas de manipulação da matéria, e trazendo de volta à realidade quando são rasgadas. Causa impacto, reações, emoções. Faz pensar e refletir acerca do conceito, da idéia, da obra, da arte.
Podemos então concluir que Nakao e Andrade compartilham dos mesmos conceitos no que concerne à qualidade da obra de arte, e do artista consequentemente. “Artista que não seja bom artesão, não é que não possa ser artista: simplesmente não é artista bom.”
Papel: s.m. Folha ou lâmina delgada feita de substâncias de origem vegetal (celulose, trapos, palha de arroz etc.), na qual se escreve, imprime, embrulha etc. (Dicionário Aurélio)
Essa é a definição de papel, e o conceito desde os tempos mais remotos, mas Jum Nakao transformou a finalidade do papel. Não sendo utilizado apenas como uma superfície para desenhos e escrita, ele transformou em arte por conhecer o material e dominar as técnicas com que fez a sua obra.
Diante do trabalho percebemos que há um domínio e uma familiaridade com o material frágil que exige habilidade e delicadeza. Para cada pedaço da obra uma gramatura específica foi usada, sempre com cuidado rigoroso no manuseio, quase um processo cirúrgico, respeitando e adequando os limites da matéria à idéia do criador. Apesar (ou por causa) da fragilidade do suporte, impregnado de idéias e significados, ele traz vida, dá ânima à obra.
A escolha da matéria papel permite a consolidação dos objetivos desejados: efemeridade do material e a permanência da obra e de seu conceito ainda que esta seja destruída fisicamente, e a permissão desta idéia ser explorada ‘ao vivo’. Nakao diz: “As pessoas fazem as coisas como se aquilo não tivesse uma continuidade, e eu quis mostrar isso de uma forma poética, mesmo quando algo que é bem feito desaparece, ainda existe, porque foi bem feito.” Ao rasgar a roupa (a obra de arte) no final do desfile ele causa impacto, rompe com a expectativa, faz as sensações e descobertas tornarem-se perceptíveis. Entre as próprias modelos esse ato de rasgar acontece com dor, como uma perda. Era como se estivessem rasgando um vestido de princesa, que foi feito sobre e apenas para o corpo delas.
Mário de Andrade diz: “E si o espírito não tem limites na criação, a matéria o limita na criatura.” Mas parece que Nakao supera esses limites, não contra, mas junto com a própria matéria em si. Reforçando a idéia de Andrade de que a técnica pessoal é fruto da relação entre um espírito, o artista, e o material que ele move.
Desde o Renascimento, quando o individualismo se impõe na arte, a técnica pessoal se torna de fundamental importância. É conseqüência do espírito do tempo e cresce com a contemporaneidade. “Mas esta técnica pessoal é inensinável, porém; cada qual terá que procurar e achar a sua, pra poder se expressar com legitimidade.” Mário de Andrade diz que o artista precisa de uma solução única, pessoal para dar à obra de arte a sua verdade, e assim tornar-se um criador legítimo. E mesmo sendo uma expressão do indivíduo, não leva a desorientação ou ao caos, pois é “fruto de relação do espírito e do material”.
Na obra estudada podemos analisar as soluções subjetivas do artista para os problemas que sua obra deveria contemplar. Suas técnicas pessoais desenvolvidas e aprimoradas para transformar uma “rotina” (um desfile de moda sazonal) em evento memorável.
Se falássemos aleatoriamente sobre um desfile de moda feito em papel cujas roupas foram rasgadas em plena passarela ao final da apresentação, não teríamos a ínfima noção do que foi realizado. Precisamos explanar todas as etapas e técnicas, conhecer a disposição do artista em estudar a matéria e seu manuseio à exaustão, tratar dos aspectos quantitativos, para termos as reais dimensões do feito. Mas para atestar a legitimidade da obra temos que compreender e reconhecer a verdade e a técnica pessoal do artista, e então nos aproximarmos dos objetivos mais profundos da obra de arte.
No ensaio de Mário de Andrade é esclarecido que a noção de beleza sempre existiu, mas anteriormente ao Renascimento “a beleza era apenas um meio de encantação aplicado a uma obra que se destinava a fins utilitários muito distantes dela.” Somente mais tarde é que esse conceito se torna uma finalidade nas artes plásticas e não mais uma conseqüência. “A beleza se materializa, se torna objeto de pesquisa de caráter objetivo, ao mesmo tempo que o individualismo se acentua.”
A beleza do trabalho de Nakao é apresentada na excelência das matérias e técnicas empregadas, na inovação de recursos, no alcance do objetivo de transmitir seu conceito, sua mensagem, na quebra de expectativas. Não há busca de uma beleza ideal, ou ideal de beleza, que num desfile de moda pode-se dizer que é a exibição das tendências mais adaptáveis ao mercado, mas ao contrário, os conceitos estéticos mostrados reforçam seus valores subjetivos.
A mistura do moderno, representada pelas perucas “playmobil”, e do antigo, as próprias roupas, musica, iluminação, cenografia... a obra completa portanto, aponta para um valor de beleza individual, balizado por “exigências espirituais do individuo e sua finalidade.” Nakao usa a beleza como “isca” para seduzir o publico, atingir o encantamento total para então destrui-lo, junto com a obra, com a beleza tangível.

“O contraste entre as referências (a unidade da indumentária do século XIX e a reprodutividade do playmobil) criaria um instantâneo sem espessura: passado e futuro juntos evidenciando a transitoriedade das estéticas e linguagens e achatando inteiramente a perspectiva temporal. Um novo sentido se criaria rompendo as referencias temporais”.
“O artista e o artesão” aponta para a necessidade de uma limitação de conceitos por parte dos artistas contemporâneos, e da construção de uma atitude estética diante da arte e da vida. As próprias liberdades sobrepõem o equilíbrio entre o artista e a sociedade. O individualismo desenfreado afasta a importância do artesanato e da pesquisa, e leva à vaidade de ser artista tornando este, individuo, objeto de arte e não mais a obra de arte em si.
A obra abordada neste trabalho mostra o individualismo, as liberdades do criador exacerbadas no conceito e na obra em si. Mas há também “a vontade estética, uma humildade e segurança na pesquisa, um respeito a obra de arte em si, uma obediência ao artesanato”. Aqui não existe sobreposição de interesses e vaidades. Há sim uma coesão perfeita entre obra e artista, atitude estética e social.
Desde a concepção da idéia até sua “morte” pública, o desfile foi minuciosamente estudado, testado, pesquisado apaixonada e exaustivamente. Consciente das limitações, Jum Nakao as transpõe pelo conhecimento, pelo respeito, pela ousadia. Quebra regras e provoca questionamentos, não pelas vaidades e interesses pessoais, mas pela qualidade de uma obra perfeita, segura de seus conceitos. Transforma o que seria apenas mais um desfile de moda, efêmero, em obra de arte, permanente.

“Iniciamos o desfile normalmente – dentro dos códigos -, até quando as modelos se perfilaram para a última contemplação do espectador. Nesse momento subvertemos todas as ordens, alteramos as luzes, a trilha. Era o sinal para rasgar. Uma abertura para a reflexão sobre novos caminhos possíveis na cartografia do invisível”.
(NAKAO, Jum 2005)
BIBLIOGRAFIA

http://www.jumnakao.com.br/cstrdnvsvl.html
http://www.youtube.com/watch?v=JDaCsnXHaAI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=t0AtPc0hRkQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Dez8nhF1mj8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=EUJDE8dbN3A&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=UdUcv1_omtk
http://www.youtube.com/watch?v=UwxYz-5Sth4
http://artemoda.uol.com.br/pagina.php?id=176
http://ibahia.globo.com/entrevistas/artigos/default.asp?modulo=1445&codigo=212729
ANDRADE, Mário de. O artista e o artesão. 1938.
NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo: Editora Senac, 2005.
STORK, Ricardo. 1996